Guerra do Golfo
Doutrina
Os Altos Comandos tomaram consideradas precauções para que seus planos não fossem descobertos, mas é possível se ter uma idéia do tipo de guerra que tanto um lado como o outro estavam querendo lutar.
A estratégia básica da coalizão era usar ataques aéreos precisos com aviões e armas de alto nível tecnológico para acabar com os sistemas de comunicação e de suprimentos iraquianos, e então usar um massivo bombardeio contra as tropas iraquianas, deixando-as fracas e incapazes de proteger quando o combate terrestre começar.
Com a Força Aérea Iraquiana fora da guerra, todo o poderio Aéreo Aliado poderia ser usado para ajudar as forças terrestres. Os membros da Coalizão estavam preocupados com o número de casualidades do seu lado, por isso, esperavam que o poder aéreo sozinho pudesse forçar o Iraque a se render sem a necessidade de uma batalha terrestre.
A estratégia iraquiana parece ter sido baseada na tentativa de sobrevivência contra seus superiores oponentes, até o momento em que se baixas do lado oponente ou pressões políticas nos seus países os forçassem a se render.
Com a intenção de criar uma pressão política entre os membros árabes da Coalizão, o Iraque esperava colocar Israel em guerra contra os aliados, atacando com mísseis e aviões.
Para proteção dos seus materiais bélicos e dos altos comandos, o Iraque esperava que trincheiras subterrâneas pudessem proteger os centros de comandos, suprimentos, tropas, e até aviões de ataque contra qualquer grande bomba.
Ao invés da Força Aérea do Iraque iniciar os ataques em uma batalha aérea, ela preferiu se resguardar e se tornar uma pequena ameaça, dificultando para os membros da Coalizão conseguirem redirecionar seus aviões para a batalha terrestre, ou fazer grandes movimentos com helicópteros. Aproximadamente uma semana depois das hostilidades terem começado, os EUA introduziram à guerra a "bunker-buster" uma bomba de 5000 libras (2000 kg), guiada a laser, capaz de penetrar os grandes hangares protetores nas bases aéreas do Iraque. O Iraque, até então, voou com segurança aproximadamente 150 aviões até o Irã, onde permaneceram durante todo o conflito. Aproximadamente 20 aviões iraquianos foram capturados ainda dentro de seus hangares durante o conflito terrestre.
Forças
Segredo e surpresa são partes importantes de qualquer guerra, e a Guerra do Golfo não foi uma exceção. Durante seu curso, armas inesperadas foram usadas, e tanto um lado como o outro, sofreram com a "desinformação". Qualquer estimativa no equipamento e números nesse estágio só podiam ser provisionais.
Mais de mil aviões e helicópteros de combate foram mandados para a Guerra do Golfo pelas forças da Coalizão, a maioria pertencendo aos EUA. A doutrina de combate atual dos americanos é: que se uma guerra é necessária, forças esmagadoras devem ser usadas para trazer o fim da guerra o mais rápido possível.
Os aviões americanos presentes na área eram pertencentes a "USAF (US Air Forca - Força Aérea dos EUA), Marines (Corpo de Fuzileiros Navais), Army (Exército) e Air National Guard (Guarda Nacional Aérea), com pelo menos mais 6 porta-aviões da Marinha.
Após os americanos, o maior contingente aéreo veio da Grã-Bretanha e da Arábia Saudita, cada um com aproximadamente 200 aviões RE helicópteros de combate. A França, Itália, Canadá, Quatar e RKAF (Royal Kuwait Air Force - Real Força Aérea do Kuwait), proveram pequenas forças. A Síria e o Egito, apesar de terem grandes forças aéreas, mandaram somente tropas terrestres. A Turquia, que é membro da OTAN, foi usada como base para a Força Aérea Americana para atacar o Iraque.
Aviões e baterias de mísseis de um número de países pertencentes a OTAN, entre eles, Alemanha e Suécia, foram mandados para defesa da Turquia. Os membros da Coalizão possuíam muitos aviões e helicópteros de combate em comum, a maioria deles era de última geração, e seus pilotos muito bem treinados, mas poucos tinham experiência em combate.
Todos os aviões foram integrados na mesma estrutura de comando, isso foi feito para que diferentes nacionalidades pudessem operar juntas sem problemas. A Força Aérea Iraquiana foi organizada e equipada seguindo o estilo soviético, em comandos de defesa aérea separados. Ao todo, no início da Guerra do Golfo, a Força Aérea Iraquiana possuía aproximadamente 150 aviões e bombardeiros modernos, 350 aviões de combate velhos e 200 helicópteros.
No papel, a Força Aérea Iraquiana parece forte o bastante para dar "dor de cabeça" para a Coalizão. Entretanto, numerosas modificações foram feitas durante a Guerra Irã - Iraque e após essas modificações não se sabia ao certo quantos aviões iraquianos ainda podiam voar. Os pilotos iraquianos eram considerados muito mais inferiores que os pilotos oponentes.
O litígio sobre a determinação de fronteiras é a causa mais remota para a invasão iraquiana do Kuwait. Embora tivesse renunciado, em 1963, a reivindicações dessa natureza, o Iraque continua reclamando portos de Bibain e Uarba, que lhe dariam novos acessos ao Golfo Pérsico. Além disso, exige que o Kuwait perdoe uma divida de US$ 10 bilhões contraída durante a guerra com o Irã e lhe pague uma "compensação" de US$ 2,4 bilhões, alegando que, durante aquele conflito os kuwaitianos extraíram petróleo em seus campos fronteiriços de Rumaila.
O estopim para a invasão foi , em julho, a acusação de Saddam Hussein, de que o Kuwait praticava uma política de super extração de petróleo, para fazer o preço do produto cair no mercado internacional e, consequentemente, prejudicar a economia iraquiana.
Golfo
No dia 8 de agosto de 1990, as tropas Iraquianas, lideradas por Saddan Hussen, invadiram o Kuwait, alegando a concorrência no mercado de petróleo. Além disso, aproveitou para tomar posse dos campos petrolíferos kuwaitianos. Mas, o que deixou os EUA interessado, foi a ameaça Iraquiana de invadir a Arábia Saudita, o maior produtor de petróleo do mundo. Imediatamente 48 caças F-15 voando da Virgínia do Norte, até a Arábia Saudita. Realizaram o deslocamento de caças mais longos da história, para defender a Arábia Saudita, 6 aviões foram deslocados do mediterrâneo e do oceano Índico, para patrulhar o Golfo Pérsico e a Arábia Saudita. Destes, alguns vieram direto dos portos nos EUA, até a região do conflito.
A ajuda que no início era pouca, cresceu tanto, que se tornou uma poderosa corrente de homens e de armas, que ficou conhecida como operação escudo do deserto. Após 6 meses de negociações diplomáticas, foi esgotado o prazo dado pela ONU para retirada das tropas Iraquianas do Kuwait. começava a operação Tempestade do Deserto.
O conflito
O primeiro ataque foi desencadeado no dia 17 de janeiro de 1991, com diversos ataques de aviões americanos; o primeiro plano da coalizão era conquistar o espaço aéreo. Os radares Iraquianos foram destruídos enquanto sua força aérea não chegava nem mesmo a decolar, devido aos ataques às pistas, realizados por aviões Italianos e Ingleses. O efeito, foi evidente apesar de uma média de 2000 missões diárias, as perdas da coalizão foram inferiores a 1 por 1000.
Saddan Hussein capitula incondicionalmente em 27 de fevereiro, após ordenar a retirada de suas tropas do país ocupado. O primeiro ministro Saad Al-Sabeh retorna em 4 de maro e dá início a tarefa de reconstrução. A opinião pública internacional critica a forma como a guerra foi conduzida, contestando a imagem dos "ataques de precisão cirúrgica", atingindo apenas alvos militares, que a coalizão aliada quer fazer passar: 400 civis morreram, por exemplo, no bombardeiro em 3 de fevereiro, de um abrigo antiaéreo em Bagdá, sob o pretexto de se tratar de um centro de comunicações. No final da guerra, a estimativa do número de mortos é muito desigual: 100 mil soldados e 6 mil civis iraquianos; e 30 mil cidadãos Kuwaitianos contra um número pequeno de baixas entre os homens da coalizão.
As notícias
Em 26 de fevereiro de 1991, a rádio Bagdá anunciou que o presidente Saddan Hussein determinou que as tropas do Iraque deixassem o Kuwait, voltando às posições ocupadas de 2 de agosto, as vésperas da invasão do emirado. O anúncio foi captado em Londres e Nova Iorque, mas as autoridades britânicas e norte-americanas não o consideram oficial.
Porta voz da Casa Branca disse que "não houve qualquer contato diplomático" afirmando que "a guerra continua". Tropas aliadas avançam em várias frentes, ocupando o Kuwait e o Iraque. Enquanto forças árabes (sauditas, egípcias e kuwaitianas), invadem o Kuwait, forças francesa, inglesas e norte-americanas também ocupam o Iraque. As tropas aliadas já estavam 160 km dentro de território iraquiano, em operação que dizem ser destinada a "cortar a retirada" do inimigo.
Militares aliados afirmavam, que caso se defrontassem com forças iraquianas em retirada, não iriam atacá-las. Mas tem havido muitas prisões: segundo número fornecido pelos aliados, já foram presos 25 mil soldados iraquianos, o que cria um novo problema: o assentamento e o atendimento destes prisioneiros. Enquanto isso, o Iraque continuava a lançar mísseis contra os inimigos. Um deles atingiu uma base militar na Arábia Saudita, e causou a morte de pelo menos 11 mil militares norte - americanos. Dois mísseis caíram em região despovoada de Israel e, segundo o Iraque, visavam o reator nuclear israelense; outro foi interceptado no Baherin. Também houve interceptação de mísseis lançados contra navios que estavam no Golfo e que preparavam o desembarque de 20 mil fuzileiros nas praias do Kuwait.
RAÍZES HISTÓRICAS
Na antigüidade, a Palestina foi habitada por diferentes povos nômades. Os primeiros habitantes historicamente reconhecidos foram os cananeus, seguidos pelos filisteus (cerca de 3000 AC). de acordo com os registros históricos, os hebreus (judeus), também um povo nômade, invadiram a região por volta do ano 1200 AC. Dois séculos mais tarde, sob o comando de Davi, era fundado o primeiro Reino Judeu na Palestina. este durou cerca de 80 anos, quando fragmentou-se em dois: o de Israel, ao norte, e o de Judá, ao sul.
O Reino de Israel foi destruído pelos assírio em 721 A.C. e o de judá pelos babilônicos em 586 A.C., ocasião em que os judeus foram levados para o cativeiro na Babilônia. em 520 A.C., Ciro, Rei da Pérsia que derrotara os babilônios, permitiu o retorno dos judeus à Palestina. Posteriormente, a região foi ocupada pelos macedônios e pelos romanos.
Sob o Império Romano ocorreram duas grandes revoltas, em 70 e em 132. Depois dessa ultima, os judeus foram massacrados e dispersados. Nos séculos seguintes, a Palestina sofreu sucessivos domínios estrangeiros, até que, em 637, foi ocupada pelos árabes muçulmanos, e no século XVI pelos turcos otomanos.
De todos os domínios sobre a Palestina, o mais longo foi o dos turcos, que durou de 1517 até 1918, quando as forças aliadas, vitoriosas na Primeira Guerra Mundial, desmembraram o até então poderoso Império Otomano como castigo por ter se aliado à Alemanha durante o conflito.
O MOVIMENTO SIONISTA
Até meados do século XIX, a maior parte dos judeus vivia na Europa Oriental. O comércio e a usura constituíam suas principais atividades econômicas. A ascendência da burguesia como classe dominante após o colapso da ordem feudal nesta parte do mundo, alterou profundamente a situação das comunidades judias.
Os Estados autoritários, especialmente o russo, na época dos czares, começaram a estimular a anti-semitismo na população, acusando os judeus de serem responsáveis pelo desemprego e pelas constantes crises econômicas. Aos olhos da massa, o judeu aparecia como o explorador direto, o "homem do dinheiro". O resultado foi o surgimento de uma reação violenta contra os judeus (os progroms), obrigando-os a iniciar uma onda migratória, primeiro para a Europa Ocidental, depois para os Estados Unidos e América Latina. foi nessa conjuntura que surgiu o nacionalismo judeu, tomando forma no movimento sionista, palavra que vem de Sion, uma colina de Jerusalém.
O principal teórico do movimento sionista foi Theodr Herzl, um jornalista austríaco que em 1896, publicou o livro "O Estado Judeu", no qual defendia a fundação de um lar Nacional Judeu na Palestina. no seu afã de encontrar apoio, Herzl chegou a procurar inclusive o Kaiser alemão, mas foi a Grã-Bretanha a potência colonial que abraçou a idéia, animada pelas declarações do tipo "para a Europa, constituiríamos na região uma muralha conta a Ásia, seríamos a sentinela avançada da civilização contra a barbárie. Permaneceríamos como estado neutro em relação constante com toda a Europa, que deveria garantir nossa existência".
(trecho do livro de Hertz)
O DOMÍNIO BRITÂNICO E A "DECLARAÇÃO BALFOR"
Derrotado o Império Otomano (turco), a Grã-Bretanha passou a administrar a Palestina a partir de 1922, sob um mandato da liga das Nações (*). Um dos objetivos do mandato era o de cumprir a chamada "Declaração Balfor", feita em 1917 pelo ministro do exterior da Grã-Bretanha, Lord Balfor, onde o governo britânico se comprometia a criar um "lar nacional para os judeus" sem prejuízo para as populações nativas. Note-se que eme 1917, ano em que foi emitida a declaração, os brit6anicos não possuíam nenhuma soberania ou domínio sobre a Palestina. Nesta época, a Palestina ainda fazia parte do Império Otomano.
A OCUPAÇÃO SIONISTA
Estimulados pela Declaração Balfor e pelas facilidades de emigração dadas pelo governo britânico, muitos judeus começaram a implantar diversas colônias agrícolas na Palestina através da compra de terras de proprietários turcos e sírios. Devido aos protestos árabes, a Grã-Bretanha tentou limitar a imigração adotando medidas contidas no denominado "Livro Branco".
Irritados com a atitude de seus protetores, os sionistas mais exacerbados passaram a fazer uso de ações violentas para expulsar os palestinos de suas terras. Foi assim que surgiu o grupo Irgun Zvi Zevmi (Organização do Exército de Israel) em 1938. O Irgun especializou-se em jogar bombas incendiárias nos mercados árabes das principais cidades palestinas. Menahem Begin, aquele que anos mais tarde viria a se tornar um dos mias famosos primeiros ministros de Israel, foi um de seus membros mais ativos. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, os atritos com os ingleses foram suspensos, mas uma ala radical do Irgun não aceitou a trégua e fundou o Stern (Lutadores pela Liberdade de Israel). Foram os membros desta facção os responsáveis pelo massacre de Deir Yassin, em 1947, no qual 254 palestinos foram barbaramente trucidados.
Entre 1939 e 1944, a Grã-Bretanha tentou uma nova edição do "Livro Branco", mas já não conseguiu deter a imigração de massa de judeus que fugiam da perseguição nazista na Europa. No final da guerra, Londres já não tinha nenhum controle sobre a região.
A PARTILHA
Em Novembro de 1947, a Organização das Nações Unidas aprovava o plano de partilha da Palestina sem antes realizar nenhuma consulta a respeito à população árabe local. Nesta ocasião, existiam cerca de 700 mil judeus e 1500 mil de árabes na região.
O plano de partilha estabelecia a criação de dois estados, um judeu, com 14000 km2. e outro árabe - palestino, com 11500 km2 (Cisjordânia e Faixa de Gaza). A cidade de Jerusalém ficaria sob jurisdição internacional.
Em abril de 1948, terminava o mandato britânico. no dia 14 de maio do mesmo ano, Ben Gurion proclamava a fundação do Estado de Israel, tornando-se seu primeiro presidente.
A liga Árabe não aceitou o plano de partilha e a fundação do Estado de Israel, no que resultou no primeiro conflito armado entre árabes e judeus (guerra de 1948-49). Com o apoio das potências ocidentais, Israel saiu vitorioso do confronto e aproveitou para anexar mais 22% do território palestino. Em 1950,a Jordânia ocupa a margem ocidental do Rio Jordão (Cisjordânia), ficando a Faixa de Gaza sob administração egípcia. Jerusalém ficou dividida entre o setor oriental, controlado pela Jordânia, e o setor ocidental, controlado por Israel.
A Palestina era, assim, riscada do mapa. era o começo da diáspora Palestina, em 1967, eclode um conflito entre Israel e os Estados Árabes, que ficou conhecido como a Guerra dos Sete Dias. O motivo foi o fechamento do estreito de Tiran, único acesso ao porto israelense de Eilath, por parte do Egito. Israel ataca de surpresa e obtém o controle sobre todo o território palestino, incluindo toda Jerusalém, além das Colinas de Golan, na Síria, e o Deserto do Sinai, no Egito. A ONU protesta e aprova a celebre resolução 242, de 22/11/1967, exigindo a retirada imediata das forças israelenses dos territórios ocupados.
Israel nunca viria a cumprir tal resolução.
Para não esquecer Sabra e Chatila
No dia 16 de setembro de 1982, Beirute, já completamente ocupada pelas tropas israelenses, mais parecia uma cidade fantasma. Quase ninguém arriscava colocar o pé fora de casa. Nos acampamentos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, semi - contiguos, situados nos subúrbios da capital libanesa, reinava um clima de medo e apreensão. Sentia-se no ar um ambiente pesado, como se alguma tragédia estivesse prestes a acontecer.
Três meses antes, precisamente no dia 6 de junho, 100 mil soldados de Israel haviam cruzado a fronteira sul do Líbano com o objetivo de liquidar totalmente as forças palestinas. Depois de resistir a um cerco de quase dois meses, os guerrilheiros palestinos concordam, para evitar mais derramamento de sangue, em abandonar o Líbano sob escolta internacional.
Pouco depois era assassinado o presidente do Líbano, Bechir Gemayel, líder da Kataeb (falange) maronita de extrema direita, aliada de Israel. nenhuma organização reivindicou, até hoje, a autoria do atentado, mas este foi logo atribuído aos palestinos. Existem rumores de que tenha sido obra do próprio serviço secreto de Israel. Entre os seguidores do presidente assassinado, ficou o desejo de vingança. Tudo dava certo para o sinistro plano do então todo poderoso Ariel Sharon, ministro da defesa de Israel, de criar um fato que "afugentasse de vez os palestinos que ficassem".
Em Sabra e Chatila, já não havia mais combatentes palestinos, apenas velho, mulheres, crianças e uns poucos homens desarmados. No final da tarde do dia 16 o exército sionista cerca os acampamentos e impede a saída de qualquer habitante. Logo a seguir, orienta os seus aliados falangistas a penetrarem nos acampamentos pelo sul e pelo sudoeste. As 17 horas a eletricidade é cortada.
Começa então a matança. Por 40 horas seguidas, foram praticados os mais horrendos atos de barbaridade. Centenas de civis foram impiedosamente abatidos como animais. Crianças de até 7 anos de idade foram violentadas e recém-nascidos esquartejados diante de suas mães.
Toda a operação foi observada pelo exército israelense que, dias antes, haviam ocupado os últimos andares de três prédios situados a apenas 200metros do principal local da chacina. durante a noite, se encarregavam de lançar, a cada minuto, dois foguetes de iluminação sobre os acompanhamentos para permitir que os falangistas continuassem o massacre.
As fotos e as imagens do resultado da matança foram depois mostradas pelos meios de comunicação em todo o mundo. Difícil ter havido outra ocasião de tanta comoção internacional. O terrificante episódio de Sabra e Chatila ficará inscrito como um dos piores momentos de vergonha da história da humanidade.
Irã - Iraque
Em 17 de Setembro de 1980, o Presidente Saddan Hussein renuncia o Acordo de Argel, de 1975, que fizera a partilha entre dois países das águas do Chatt-el-Arav, canal de acesso do petróleo iraquiano ao Golfo Pérsico. Em 21 de Setembro aviões entram em combate na região fronteiriça de Qars-e-Shirin, no dia seguinte, tropas iraquianas invadem o país vizinho.
A invasão
As tentativas de mediação da Arábia Saudita, do Egito e da Liga Árabe não conseguem impedir que, em 2/08/1990, as forças de Bagdá entrem no Kuwait, de onde o emir Jazer Ai-Ahmed e o primeiro ministro, príncipe Saad Al-Sabah, fogem, refugiando-se na Arábia Saudita.
Em 8 de agosto, desafiando a imposição de sanções pela ONU, o Governo Provisório do Kuwait Livre, empossado por Saddan, proclama a República e declara o Kuwait uma província iraquiana. Em resposta, os EUA deslocam para o território da Arábia Saudita o maior efetivo militar desde a Guerra do Vietnã. Até o final de 1990, multiplicam-se as tentativas sem sucesso de encontrar uma solução negociada. Em 29 de novembro, o conselho de Segurança da ONU autoriza os EUA e seus aliados a atacarem o Iraque, caso ele não se retire do Kuwait até 15 de janeiro de 1991.
O pós guerra
Os incêndios ateados pelos iraquianos nos poços de petróleo do Kuwait, antes da retirada são extintos até 5 de novembro de 1991, graças ao trabalho articulado de 27 empresas internacionais.
Os danos causados a ecologia são ainda difíceis de calcular. Nos meses seguintes ao fim da guerra, Saddan ordena a repressão as rebeliões dos xiitas e curdos; que, aproveitando-se da desordem interna causada pela guerra, tentam derrubá-lo.
Na metade do ano, 500 mil curdos fugindo a perseguição ficam ao desabrigo na região montanhosa da fronteira com a Turquia, onde estão expostos aos bombardeios da aviação iraquiana. a resistência de Bagdá à exigência da ONU de que sejam desmantelados seus arsenais de armas de destruição maciça, e a permitir que missões da AIEA inspecione suas instalações nucleares, cria novos atritos com o ocidente, renovando-se, até o fim do ano, a ameaça americana de uma nova intervenção caso as condições de rendição não sejam obedecidas.
Conseqüências
O Kuwait perde US$ 8,5 bilhões com a queda na produção de petróleo, sem contar os danos estruturais e sociais causados por pilhagens, sabotagens e arbitrariedades contra a população. Além da dívida de US$ 22 bilhões gerada pela guerra, a reconstrução é estimada em US$ 300 bilhões e o emir é também forçado pela população a fazer concessões no plano político.
A OLP, tendo apoiado o Iraque, sai também derrotada: os países do Golfo cortam a ajuda aos palestinos dos territórios ocupados por Israel; e os que habitam no Kuwait são duramente reprimidos pelo governo do emir.
O IRÃ, mantendo-se neutro, respeita o bloqueio da ONU e é duplamente beneficiado: o Iraque retira os últimos soldados que tinha em seu território, aceita o tratado de 1975 de partilha das águas do Chatt-el-Harab e liberta 37 mil prisioneiros de guerra iranianos; e o seu comércio com a Europa e o Japão aumenta em 50%. E, pela primeira vez desde 1987, os EUA permitem que companhias americanas comprem seu petróleo.
A reação popular à política moderada de Rafsandjani é claramente expressa nas urnas, nas eleições legislativas de 10/04/1992; o grupo Ruhaniyat (União Clerical Combatente), do presidente que prega reformas graduais rumo a economia de mercado, derrota Ruhaniyun (Sociedade Clerical Combatente), do presidente do Mailis (parlamento), Mehdikarrubi favorável ao isolamento anti-ocidental e o rígido controle estatal da economia. Apesar das divergências que Rafsndjani recebe, em agosto, do Aiatolá Khamenei, quanto ao risco de se afastar dos "caminhos da revolução islâmica", isso não impede que alguns passos importantes sejam dados no sentido da abertura econ6omica para o exterior (assinatura de Joint-Ventures com empresários da Alemanha, Japão, França e Itália).
Desde o século XIV, o povo do Curdistão, de origem indo-européia - espalhado entre as fronteira do Irã, Iraque e Turquia, e oprimido pelos governos desses três países - vem lutando por sua independência, recusada pelo fato de estarem em uma região muito rica em petróleo.
No final da Guerra do Golfo, Bagdá responde com violência a uma nova tentativa de emancipação forçando 1,5 milhões de pessoas a fugirem, pelas montanhas durante o inverno, para o lado turco e iraniano da fronteira. Só depois que 15 mil soldados ocidentais são enviados, no fim de 1991, para criar uma zona de segurança é que elas podem retornar a seu local de origem.
Garantidos pela presença dessas tropas, o Partido dos Trabalhadores Curros, de Jalal Talebani, e o Partido democrático do Curdistão, de Massud Barzani, decidem realizar, em 19/5/1992, em Irbil, eleições para um Parlamento curdo, que são veementemente condenadas por Bagdá, Ancara e Teerã.
Saddam Hussein declara nulo esse pleito, mas recebe dos EUA a Advertência de não interferir. Tendo tido resultados equivalentes, os dois líderes são obrigados a entrar em coalizão. Mas o novo Parlamento, inaugurado em 04/06, enfrenta de saída vários problemas: Talewbani é favorável a negociar com o Iraque uma formula de autonomia regional: Barzani é um separatista radical; e ambos estão em choque com os xiitas, contrários à independência total.
Na Síria, o presidente Hafez Assad, durante anos considerado um terrorista pelo Ocidente, transforma-se num aliado e, tendo colaborado para derrotar o rival que disputava com ele a liderança no Oriente Médio, consolida a hegemonia Síria no Líbano; e torna-se um interlocutor obrigatório no processo de paz para a região.
Em Israel, a atitude de não responder aos ataques iraquianos permite a unidade da coalizão, pois os aliados árabes dos Estado Unidos não se vêem forçados a reagir a um eventual ataque judeu a um pais irmão.
Terminada a guerra, porém, o governo Shamir é pressionado pelos Estados Unidos para aceitar negociações sobre a crise do Oriente Médio. As convenções iniciadas em Madri, em 30/10/1991, não trazem nenhum resultado imediato, mas constituem a primeira conferência de paz desde o início do conflito Árabe-israelense. O desenvolvimento dessas conversações tortuoso e sujeito a idas e vindas, em função de problemas como a Intifada (a rebelião palestina nos territórios ocupados) ou os ataques israelenses no sul do Líbano - Principalmente depois que, em 16 de fevereiro de 1992 o bombardeio a um comboio xiita mata o xeique Abbas Massaui, lider do grupo extremista Hezbolá.
Os conflitos dentro de likud, em torno dessas negociações, são os responsáveis pela crise aberta, em janeiro de 1992, com a saída dos partidos ultranacionalistas Tehiya e Moledet da coalizão.
As eleições são antecipadas e, em 23 de junho o Partido Trabalhista é vitorioso, pondo fim a quinze anos de domínio do Likud, Itnhak Rabin assume, em julho a cargo de Primeiro Ministro.
EM RESUMO
As causas da Guerra:
A questão do Chatt-el-Arab é apenas um pretexto imediato, por trás dela há outros motivos mais complexos: o separatismo curdo, constante ponto de atrito entre Bagdá e Teerã; a preocupação iraquiana como os apelos fundamentalistas iranianos à rebelião dos xiitas do Iraque contra o regime sunitaw de Bagdá; o desejo iraquiano de recuperar territórios perdidos para o Irã em 1975; o apoio de Bagdá ao separatismo da minoria árabe que habita a província petrolífera iraniana Huzistão; o ódio pessoal de Khomeini pelo regime iraquiano, que o expulsou de Nadjaf em 1978; e o apoio de Saddam ao movimento contra-revolucionário do ex - primeiro ministro Chapur Baktiar e do general Ali Gholam Oveissi, cujos homens, treinados em campos cedidos pelas autoridades de Bagdá, eram infiltrados no Irã com o objetivo de desestabilizar seu novo regime.
A Evolução da Guerra:
O conflito passa, em seus quase oito anos de duração, por diversas fases; a invasão iraquiana do território iraniano e a destruição de Khorramshar, onde fica a refinaria de Abadã, a maior do mundo; o assédio iraniano ao porto de Basra, no Iraque, e a ocupação da Ilha de Majnun, no pântano de Hoeiza, onde estão os principais poços de petróleo iraquianos; os bombardeiros iraquianos a navios petroleiros no Golfo Pérsico, o que provoca ameaças iranianas de bloqueio do estreito de Hormuz; o uso, pelo Iraque, de armas químicas proibidas pela Convenção de genebra, e a violação do acordo de não bombardear alvos civis.
Final da Guerra:
Até 1988, o Irã recusa as ofertas de negociação, exigindo que, em primeiro lugar, Bagdá reconheça ter sido agressor, comprometa-se a respeitar o acordo de 1975 e pague uma indenização pelos danos da guerra. Mas, em 18 de julho de 1998, acata a Resolução 598, de 1987, do Conselho de Segurança da ONU, aceitando o cessar-fogo. Além de estar de novo perdendo terreno para o Iraque, este é o momento em que, em Teerã começa a consolidar-se o poder dos moderados, liberados pelo presidente do Majlis (Parlamento), Hodjatoleslam Hashemi Rajsasdjani, favorável ao fim da guerra.